Danielle Cristine Borges Piuzana Barbosa
A ansiedade matemática (AM) é definida como um tipo de fobia específica que gera sentimentos de medo, tensão e preocupação em situações onde é exigido um raciocínio numérico ou resolução de problemas. Um fator de risco consistente para a AM é o baixo desempenho em tarefas aritméticas. O baixo desempenho pode gerar auto avaliações negativas do indivíduo e, consequentemente reduzir sua autoeficácia. Portanto, as tarefas de matemática seriam associadas ao sentimento de fracasso e isso geraria ansiedade em relação à disciplina. Assim, como a ansiedade matemática, os mecanismos metacognitivos como a autoeficácia e a autorregulação também são cruciais para o processo de aprendizagem. Habilidades metacognitivas pobres estão correlacionadas a piores desempenhos acadêmicos. Outro ponto relevante em relação à ansiedade matemática é seu impacto nas tarefas de memória de trabalho. Diversos estudos demonstram como indivíduos com alta ansiedade matemática apresentam piores resultados em tarefas que exigem memória de trabalho. Deste modo, o presente estudo foi realizado para testar a eficácia de uma intervenção em grupo para redução da ansiedade matemática e desenvolvimento de estratégias metacognitivas. Também foi testada a hipótese de que há uma melhora no desempenho em tarefas de memória de trabalho. A amostra contou com 19 adolescentes, entre 12 e 17 anos, com altos níveis de ansiedade matemática. A intervenção foi baseada em técnicas cognitivo-comportamentais. Os resultados indicam que a amostra foi formada por dois grupos de perfis distintos e, que por isso, a intervenção mostrou resultados na redução da ansiedade somente para um dos grupos. Porém, nenhum dos grupos apresentou melhora na memória de trabalho. Em seguida, foi realizado um estudo de caso de um dos participantes da intervenção. Uma adolescente de 16 anos, com inteligência superior à média e déficits na memória de trabalho e funções executivas. Habilidades como linguagem, habilidades visoespaciais e habilidades numéricas básicas preservadas, mas com uma dificuldade persistente na aprendizagem da matemática. Foi investigada a hipótese de que poderia haver algum fator mediador (ansiedade matemática) entre o déficit geral (funções executivas) e a aprendizagem da matemática. Após a intervenção, verificou-se uma melhora estatisticamente significativa na redução dos níveis de ansiedade e aumento da autoeficácia e da autorregulação. Contudo, não foram observadas melhoras na memória de trabalho.