A imitação é uma habilidade que observamos cedo em crianças com desenvolvimento típico e que tem um papel crucial no desenvolvimento cognitivo e da comunicação social. A imitação apresenta tanto uma função de aprendizagem de novas habilidades no uso de objetos, como por exemplo, manipular um carrinho, quanto uma função social, que indica engajamento e interesse social e emocional (e.g., imitação de vocalizações e expressões faciais). Em crianças com TEA observamos uma dificuldade muito grande no desenvolvimento da habilidade de imitar, o que prejudica o desenvolvimento de diversas outras habilidades de comunicação social, como atenção compartilhada e linguagem oral. Por esse motivo, a imitação é um foco importante de intervenção das crianças com TEA. E como intervir?
A estimulação dessa habilidade deve ocorrer o quanto antes. Em um primeiro momento, é importante imitar ações e gestos da criança criando oportunidades para o aumento do contato ocular e da atenção compartilhada, bem como ensinando a reciprocidade. Descrever o que a criança está fazendo ou no que ela está atenta no ambiente fornece modelos apropriados de fala e auxilia no desenvolvimento da linguagem espontânea.
Em um segundo momento, os adultos devem realizar ações para que a criança imite. Já há estudos na literatura que afirmam que as crianças com TEA apresentam maior probabilidade de imitar a ação de outra pessoa se a ação for realizada com um objeto que produz efeito sensorial, ou seja, apresenta luzes ou sons. Caso a criança apresente dificuldade ao realizar a imitação, o adulto pode apresentar dicas. Emparelhar o início de um comportamento de imitar a uma frase como, “agora você”, pode auxiliar a criança a distinguir que é o momento de ela realizar aquela ação. Por fim, o comportamento de imitar emitido pela criança deve ter uma consequência agradável, a fim de que aumente a probabilidade de a criança emitir novamente aquele comportamento no futuro.
Referência: Ingersoll, B. (2008). The Social Role of Imitation in Autism. Implications for the Treatment of Imitation Deficits. Infants & Young Children, 21(2), 107-119.